domingo, 28 de dezembro de 2008

Eva e a Arvore da vida


Ordenou o Senhor Deus ao homem, dizendo: De toda árvore do jardim podes comer livremente; mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dessa não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás.” (Gênesis 2:16-17)

A resposta da mulher, ainda que parecida, foi diferente do que Deus havia dito. O descuido com a palavra de Deus foi o primeiro passo no sentido de corromper o entendimento de Eva. Mas houve mais um fator (à primeira vista oculto) que facilitou com que Eva fosse enganada, porque curiosamente, Deus ainda disse mais alguma coisa depois desse mandamento:

“Disse mais o Senhor Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma ajudadora que lhe seja idônea.” (Gênesis 2:18)

Esse texto levanta uma pergunta… se não é bom que o homem esteja só, onde estava Adão quando Eva foi tentada? Se Eva (ou Adão) ao menos tivesse se lembrado de tudo que Deus havia dito! Considerando sua posição perante Deus de ajudadora, cabia ao homem e à mulher, juntos, responderem à serpente; não sozinhos, porque Deus havia dito “não é bom que o homem esteja só”. O que isso nos mostra? Que, se o primeiro erro é desprezar a exatidão da palavra de Deus, o segundo erro é considerá-la apenas parcialmente, ou obedecer a ela apenas em parte.

O engano da serpente se completou quando a serpente respondeu “certamente não morrereis”. Se o primeiro passo é, pela falta de zelo para com o que Deus disse, transformar as Suas palavras nas nossas palavras, e o segundo passo é considerar as palavras de Deus apenas em parte, o terceiro passo é escutar e obedecer ao que Deus não disse, mesmo que contradiga o que Ele de fato disse — o que é surpreendentemente fácil, nesse contexto.

Quando nos afastamos da simplicidade e pureza que há em Cristo? Quando “torcemos” a palavra de Deus de acordo com o nosso desejo, sem o cuidado quanto ao que Ele realmente disse; quando consideramos apenas parte do que Ele disse, “esquecendo” qualquer coisa que Ele tenha dito e que não nos interessa; quando não dependemos dEle para entender e praticar a palavra que nos foi dada, em perfeita obediência e zelo; e quando nos inclinamos a revelações que não vêm de Deus e da Sua palavra, ainda que contradigam o que Ele já disse. Nisso nos tornamos “deuses” de nós mesmos, já que colocamos nossa própria palavra e nossos próprios desejos no mesmo nível ou acima do que Deus disse. Complicado, não?

Encontraremos a simplicidade e a pureza de Cristo na sua palavra, na forma como se revelou aos homens, e na sua obra redentora. Acharemos nele apenas tudo que é necessário para sermos salvos, toda a graça e a verdade, e toda a vida. Assim, se olharmos para Cristo, veremos a palavra de Deus como ela é, porque ele é a palavra encarnada:

“E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade; e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai.” (João 1:14)

Se permanecermos em Cristo, e com ele, cumpriremos a totalidade da palavra de Deus, como Ele deseja:

“Eu sou a videira; vós sois as varas. Quem permanece em mim e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer.” (João 15:5)

E se conhecermos assim a Cristo, jamais seremos enganados por vozes que não sejam a dele:

“Depois de conduzir para fora todas as que lhe pertencem, vai adiante delas, e as ovelhas o seguem, porque conhecem a sua voz; mas de modo algum seguirão o estranho, antes fugirão dele, porque não conhecem a voz dos estranhos. Jesus propôs-lhes esta parábola, mas eles não entenderam o que era que lhes dizia. Tornou, pois, Jesus a dizer-lhes: Em verdade, em verdade vos digo: eu sou a porta das ovelhas. Todos quantos vieram antes de mim são ladrões e salteadores; mas as ovelhas não os ouviram. Eu sou a porta; se alguém entrar por mim, salvar-se-á, entrará e sairá, e achará pastagens. O ladrão não vem senão para roubar, matar e destruir; eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância. Eu sou o bom pastor; o bom pastor dá a sua vida pelas ovelhas. Mas o que é mercenário, e não pastor, de quem não são as ovelhas, vendo vir o lobo, deixa as ovelhas e foge; e o lobo as arrebata e dispersa. Ora, o mercenário foge porque é mercenário, e não se importa com as ovelhas. Eu sou o bom pastor; conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem, assim como o Pai me conhece e eu conheço o Pai; e dou a minha vida pelas ovelhas.” (João 10:4-15)

Cristo é a resposta de Deus a todas as nossas perguntas. Isso é o evangelho. É simples assim, puro assim; se tentarmos adicionar qualquer coisa, isso será tão eficaz quanto as folhas de figueira que Adão e Eva teceram pra si para cobrirem a sua nudez, porque quando Adão foi confrontado com Deus, ele mesmo admitiu que, a despeito de seu esforço, “estava nu”. Só quando Deus lhes deu vestes de peles para se cobrirem, no primeiro sacrifício da Bíblia (e uma figura do sacrifício de Cristo), é que a nudez deles foi coberta. Do mesmo modo, só em Cristo acharemos tudo, de forma plena e eficaz; ele é o princípio e o fim, o alfa e o ômega, aquele que é, era e há de vir, o pleno cumprimento da vontade e do propósito eterno de Deus. Uma pessoa apenas, Deus feito homem, morto por nós e ressuscitado por Deus: nada é mais simples e puro que isso.

“…fazendo-nos conhecer o mistério da sua vontade, segundo o seu beneplácito, que nele propôs para a dispensação da plenitude dos tempos, de fazer convergir em Cristo todas as coisas, tanto as que estão nos céus como as que estão na terra…” (Efésios 1:9-10)